O açúcar é um ingrediente presente em muitos alimentos e bebidas de consumo diário. No entanto, a ingestão em excesso pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo obesidade e vício. Dados do Ministério da Saúde mostram que um em cada cinco brasileiros consome doces, pelo menos, cinco vezes por semana.
Estudo publicado na revista The BMJ analisou os efeitos do consumo excessivo de açúcar. O levantamento cita 45 malefícios à saúde, entre eles: diabetes, gota, obesidade, pressão alta, ataque cardíaco, derrame, câncer, asma, cárie dentária, depressão e morte precoce. Os autores acreditam que, para mudar a forma como se consome o açúcar, são necessárias ações educativas e políticas públicas.
A adoção de um estilo de vida mais saudável, que combine dieta equilibrada, hidratação e exercícios, pode ser o primeiro passo para promover uma mudança em prol da saúde. Outros comportamentos também podem ajudar no processo, como o hábito de ler os rótulos na hora das compras e optar por produtos que tenham menos açúcares.
Além disso, nesse processo podem ser incluídos cuidados terapêuticos, como o uso de compostos bioativos. Os benefícios do Morosil são comprovados e auxiliam na prevenção da obesidade, resistência à insulina, esteatose hepática e doenças cardiovasculares.
Açúcar vicia?
Apesar de controverso, alguns especialistas discordam sobre o efeito viciante do açúcar. No entanto, eles são unânimes ao afirmar que o excesso do produto faz mal à saúde.
A teoria sobre o vício do açúcar é de um estudo australiano, publicado em 2016 e desenvolvido pela Universidade de Queensland, na Austrália. A pesquisa científica comprovou, por meio de testes em ratos, que o consumo de açúcar é capaz de ativar a mesma região do cérebro ativada com o uso da cocaína. Na prática, quando se come um doce, ativa-se o sistema de recompensa, chamado de sistema dopaminérgico mesolímbico.
Outro estudo, realizado em Princeton, em 2008, concluiu que os ratos poderiam se tornar dependentes de açúcar. O efeito poderia estar relacionado a vários aspectos do vício, como ânsias, compulsão alimentar e abstinência. O comportamento explicaria as razões pelas quais muitas pessoas têm dificuldades em abandonar o consumo de produtos industrializados e doces.
Já os pesquisadores autores do artigo Sugar addiction: the state of the science alegam que os estudos feitos até o momento são limitados e não convencem sobre o efeito viciante do açúcar. Aspectos avaliados na dependência de drogas não foram considerados nos modelos de dependência de açúcar.
A nutricionista Aline David alerta que é importante destacar que há aspectos comportamentais que vão além dos neurais e neuroquímicos, associados ao consumo de alimentos doces e saborosos.
Segundo a especialista, apesar da controvérsia se o açúcar gera ou não vício, o consumo em excesso é convertido em gordura, o que pode levar ao ganho de peso e, eventualmente, à obesidade. Outras doenças também estão diretamente relacionadas à ingestão excessiva do produto.
Quando o consumo é considerado excessivo?
De acordo com o Ministério da Saúde, o consumo médio de açúcar no Brasil é de 80 gramas por dia, o equivalente a cerca de 20 colheres de chá. A quantidade está acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cujo máximo é de 10% das calorias diárias. E aqui estão incluídas bebidas, bolachas recheadas, barras proteicas, chocolates, bolos industrializados, iogurtes, bebidas esportivas, águas vitamínicas, entre outros.
A estimativa mais recente da OMS, divulgada em 2022, é de que haja em torno de 1 bilhão de pessoas obesas no mundo. Deste total, 650 milhões são adultos, 340 milhões são adolescentes e 39 milhões são crianças. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 60% dos adultos já têm excesso de peso (sobrepeso) e que um em cada quatro têm obesidade, totalizando mais de 41 milhões.
A nutricionista Aline David ressalta que é necessário compreender a importância de uma alimentação saudável e reduzida em açúcares desde a gestação e infância até a senescência. “Isso deve ser ensinado em larga escala, o que inclui a criação de políticas públicas relacionadas ao acesso adequado à alimentação para todo o território nacional”, destaca.