O jejum intermitente é uma intervenção médica, e prática de estilo de vida, cada vez mais popular.
Sendo que a literatura científica dá pleno suporte a ele como algo bom e saudável.
Por exemplo, uma revisão de estudos recente afirmou o seguinte.
“O jejum intermitente pode ser prescrito como uma intervenção médica segura e como uma prática de estilo de vida que pode melhorar a saúde das mulheres em diversos aspectos.” [1]
No entanto, a maior parte da sociedade ainda está cega para isso.
E, por este motivo, é muito comum que pessoas que começam a praticar alguma forma de jejum intermitente (protocolos como 16/8h, OMAD, dentre outros) sofram represálias ou críticas de amigos, colegas e familiares.
A verdade é que estamos numa sociedade que come o tempo todo: as pessoas comem a cada 3 horas.
Comem no metrô, no ônibus, na faculdade, no trabalho.
Comem café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar, ceia… sem contar refeições pré e pós-treino.
Nesse contexto, quando você se desvia do modus operandi tradicional, o resultado é um certo estranhamento por parte daqueles que estão ao seu redor.
Isso acontece quando você muda sua alimentação — e passa a preferir a comida de verdade, em vez dos industrializados, por exemplo.
E também acontece, é claro, quando você resolve pular uma refeição aqui ou ali — e, em vez de comer de acordo com o relógio, opta por apenas respeitar a sua fome.
Desta forma, é apenas natural que as pessoas critiquem o que, para elas, é algo novo — e talvez até mesmo perigoso.
O problema?
É que essas críticas por parte de pessoas queridas frustram muitas pessoas iniciantes no jejum intermitente.
Afinal de contas, elas podem estar empolgadas com os resultados que obtêm ao fazer jejum.
Poder ficar animadas para a hora de comer, pensando em quais os alimentos ideais e em como quebrar o jejum.
E até mesmo receberem elogios do médico, ao perceber melhoras em marcadores sanguíneos. Aliás, falando nisso, um estudo notou que, ao fazer jejum, pessoas com diabetes tipo 2 viam melhoras em medidas como peso, glicemia em jejum, e variabilidade pós-prandial. [2]
Mas mesmo todos os estudos do mundo não são suficientes para aplacar um coração amedrontado pelas críticas de parentes e colegas.
E foi por isso que escrevemos este artigo — para compartilhar a nossa visão pessoal, após mais de 9 anos praticando o jejum intermitente, e ajudando milhares de alunos a mudar o estilo de vida e melhorar a saúde também.
Então, muitas pessoas sentem que elas precisam responder algo para quem critica o jejum — seja para mostrar que estão seguras, seja para elas mesmas se sentirem melhor.
E sabe: antigamente, nós teríamos dito que você poderia explicar todos os maravilhosos benefícios do jejum.
Afinal, é por conta dos benefícios que muitas pessoas decidem fazer o jejum intermitente.
Por exemplo, que o jejum tem a capacidade de melhorar nosso estado de atenção, nossa performance cognitiva e nosso humor,
O que pode nos levar a melhores sentimentos subjetivos de bem-estar, e possivelmente a uma melhora dos sintomas gerais depressão, conforme mostrou uma revisão bibliográfica de 2013. [3]
Ou ainda poderíamos citar os resultados de outro estudo que sugerem que jejuar por 16 horas por dia (se alimentando apenas em uma janela de 8 horas), em conjunto com o treinamento de força…
É algo que pode melhorar alguns biomarcadores relacionados à saúde, diminuir a massa gorda, e manter a massa muscular em homens que faziam treinamento resistido (musculação). [4]
Porém, apesar de todos esses benefícios maravilhosos que a prática de jejum intermitente pode proporcionar…
A melhor resposta possivelmente não envolve você falar para as pessoas sobre isso.
Na verdade, o melhor que você pode fazer quando alguém criticar é o seu jejum é você não se importar. Não ligar mesmo.
Afinal de contas, jejuar é uma prática que você faz por você, e não pelos outros.
Você está jejuando porque sabe que está funcionando para você.
Porque gosta de emagrecer, e da sensação que você tem quando jejua.
Até porque você sabe que uma boa parte das “regras de nutrição” que a maioria das pessoas seguem (como comer de 3 em 3 horas, e fugir da carne vermelha) são inúteis, e nem são baseadas em ciência.
Mas não é essa nossa principal mensagem de hoje.
A verdade é que você tem que assumir a responsabilidade pela sua saúde.
Então, se o seu objetivo é perder peso e ter mais saúde, você talvez tenha que ignorar as pessoas que te criticam, e que ficam questionando seus métodos.
Inclusive porque, se algo está funcionando para você, então você não precisa ficar explicando para todo mundo, como se as pessoas fossem te julgar.
Especialmente, você não precisa se justificar para pessoas negativas que gostam de criticar qualquer mudança que você tente fazer — mas que elas mesmas não têm coragem de seguir.
Sendo assim, a mensagem de hoje é a seguinte.
- Quando estamos falando da sua saúde, é com os seus objetivos, com as suas escolhas, e com a sua própria aprovação que você deve se preocupar.
- E não com os objetivos, escolhas e aprovações de qualquer outra pessoa.
Então, quando as pessoas perguntam por que você está jejuando, você pode simplesmente fazer como nós e responder “porque eu não estou com fome”, ou mesmo “porque eu gosto”.
Quem sabe assim as pessoas vão criticar menos você no futuro — e se importarão mais com o que elas mesmas fazem.
Referências
Os estudos científicos sobre jejum intermitente citados neste artigo foram os seguintes.
- Nair PM, Khawale PG. Role of therapeutic fasting in women’s health: An overview. J Midlife Health. 2016 Apr-Jun;7(2):61-4. doi: 10.4103/0976-7800.185325. PMID: 27499591; PMCID: PMC4960941.
- Arnason TG, Bowen MW, Mansell KD. Effects of intermittent fasting on health markers in those with type 2 diabetes: A pilot study. World J Diabetes. 2017 Apr 15;8(4):154-164. doi: 10.4239/wjd.v8.i4.154. PMID: 28465792; PMCID: PMC5394735.
- Fond G, Macgregor A, Leboyer M, Michalsen A. Fasting in mood disorders: neurobiology and effectiveness. A review of the literature. Psychiatry Res. 2013 Oct 30;209(3):253-8. doi: 10.1016/j.psychres.2012.12.018. Epub 2013 Jan 15. PMID: 23332541.
- Moro T, Tinsley G, Bianco A, Marcolin G, Pacelli QF, Battaglia G, Palma A, Gentil P, Neri M, Paoli A. Effects of eight weeks of time-restricted feeding (16/8) on basal metabolism, maximal strength, body composition, inflammation, and cardiovascular risk factors in resistance-trained males. J Transl Med. 2016 Oct 13;14(1):290. doi: 10.1186/s12967-016-1044-0. PMID: 27737674; PMCID: PMC5064803.